Por que o budismo faz hoje tantos adeptos e suscita tanta
curiosidade no Ocidente? Isso revelaria uma lacuna, uma necessidade
insatisfeita, na civilização ocidental, científica e técnica?
Para tratar essa questão reuniram-se Matthieu Ricard,
intelectual ocidental e monge budista, e seu pai, Jean-François Revel, grande
filósofo agnóstico, para confrontar suas interrogações e curiosidades
recíprocas. As considerações de Jean-François Revel, embora comportem sérias
reservas ou objeções, contêm a parte do budismo que ele considera aceitável e
universal: a sabedoria na condução da vida. Elas trazem à luz os fracassos do
pensamento ocidental – especificamente a falência dos grandes sistemas
filosóficos e das grandes utopias políticas – que podem explicar a presente
atração dos ocidentais por uma forma de sabedoria muito antiga e ao mesmo tempo
muito nova.
Esse encontro entre pai e filho, realizado em maio de 1996,
em Hatiban, no Nepal, no isolamento de um sítio no alto da montanha que domina
Kathmandu, revelou o pensamento de duas pessoas particularmente importantes com
entendimentos bastante diferentes sobre assuntos sérios e atuais e conseguiu
mostrar ao leitor como pode ser fantástico o intercâmbio entre um monge e um
filósofo.